As relações são complicadas?

A assertividade é a capacidade de auto afirmar os próprios direitos, sem se deixar manipular e manipular os demais. Castanyer, Olga

A assertividade treina-se e está estreitamente ligada à nossa autoestima, ao respeito que temos por nós próprios, e pelos outros e à forma como comunicamos.

Aquilo que pensas
Nas relações amorosas negamos muitas vezes os nossos sentimentos, pensamos: queria dizer-te que gosto de ti, que quero ficar contigo, mas tenho medo que te rias de mim, tenho medo que tu não me digas e (no fundo) não sintas as mesmas coisas. Assim, negamos e disfarçamos as nossas palavras, os nossos sentimentos e fazemo-lo mais vezes do que nos apercebemos.

E o que fazes
E se às vezes escondemos as palavras, noutros momentos é como diz Rui Veloso, na sua canção A Paixão, a saliva que eu gastei para te mudar, gastamos forças não a dizer o que queremos e sentimos, mas sim a mudar o outro ou a tentar agradá-lo, pois só conseguimos ouvir as palavras que queremos.
Mas esse teu mundo era mais forte do que eu, nem com a força da música ele se moveu, mesmo fazendo tudo para agradar, e parecendo que tudo está perfeito, chega a uma altura em que não te sentes feliz! Porquê? Porque se passas a vida a ceder à vontade dos outros, se não realizas as tuas vontades, a tua auto-estima será baixa e não serás mais feliz!

O início é muito bom
Inicialmente é fácil agradar, achar que tudo está perfeito, é tudo uma novidade, ela(e) faz coisas espectaculares por ti, estás tão apaixonado(a), sentes que agora é que encontraste a tua pessoa, sentes-te nas nuvens capaz de qualquer coisa.

Mas por vezes
Com o passar do tempo, já não estás para aturar determinadas coisas e está na altura de ela(e) ir mudando algumas coisas que te incomodavam ligeiramente, mas ainda não era o momento para lhe dizeres. Depois pensámos e cobramos ao outro: tu no inicio fazias tudo por mim e agora não, já não gostas de mim, não é?

Daí a importância de treinares a assertividade desde inicio nas relações. Como? Aqui ficam alguns princípios básicos da assertividade nas relações amorosas:
  • Não exigir que o outro adivinhe os teus pensamentos. Não entendes como ele(a) não percebeu o que realmente querias, quando lhe deste todos os sinais. O amor não nos torna clarividentes, é preciso comunicar ao outro os nossos desejos, necessidades de carinho.
  • Agradecer presentes, elogiar, expressar os pensamentos positivos que temos do outro.
  • Evitar generalizações. Exemplo: estás sempre a fazer isso… nunca dizes que estou bonita
  • É preferível fazer um pedido a fazer uma exigência. Exemplo: podes parar  por favor com o telemóvel e olhar para mim enquanto falamos? Em vez de: Pára com o telemóvel e olha para mim, enquanto falamos.
  • Exprimir simples e diretamente os interesses e direitos próprios. Exemplo: Por favor não insistas, não posso, já te expliquei que… Em vez de: Não grites comigo, porque não estou a gritar contigo (é importante que não aumentes o tom da tua voz e mantenhas a calma).
     
  • Adoptar uma postura de empatia. Exemplo: Eu entendo que seja importante para ti, mas eu sinto-me mal com isso… Em vez de: Vou ouvir o que tens para me dizer com atenção…
     
  • Enfrentar com calma e paciência o mau humor inesperado. Exemplo: Não vou estragar esta noite só porque estás de mau humor. Em vez de: Parece-me que estás aborrecido hoje, mas acho que não sou a responsável por isso, tenta esquecer um pouco.
     
  • Ao criticar o outro, é importante falar do que ele fez e não do que ele é, isso será visto como um ataque. Exemplo: Voltaste a esquecer-te da data do nosso namoro, isso deixa-me triste e faz-me pensar que não sou importante. Em vez de: És uma desgraça, nunca te lembras de mim.
     
  • Não acumular emoções negativas sem as comunicar e depois explodir.
     
  • Discutir assuntos um a um e não “aproveitar” para discutir um episódio que se passou uns meses atrás.

Ousa melhorar a qualidade das tuas relações.

Deixa-nos as tuas opiniões, comentários. Gostarias de ver alguma parte mais desenvolvida?

Carla Costa